quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Atoleiros isolam comunidades localizadas na Estrada do Belmont, zona Norte de Porto Velho

Motoristas enfrentam dificuldades para trafegar na via repleta de lama e buracos; moradores reclamam de abandono 


Lama,buracos e atoleiros fazem parte da Estrada do Belmont



Pela Estrada do Belmont, na zona Norte de Porto Velho, passa a maior parte do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) de Rondônia. Nessa via transitam, diariamente, centenas de veículos carregados com combustível, alimentos e uma diversidade de produtos. A estrada dá acesso a diversos sítios, chácaras e comunidades rurais. No entanto, há alguns meses o tráfego no local está precário e isso tem atrapalhado quem vive na região. “Nosso sítio tinha produção ativa de mandioca, fazíamos farinha pra vender na cidade. Agora não tem como sair daqui", afirma o agricultor Robson Vieira.  

Problemas também para motoristas. Uma das queixas dos motoristas é a dificuldade em fazer as manobras por não haver estabilidade no solo repleto de buracos e atoleiros. “Pelo tamanho dos caminhões que a gente conduz, não tem lugar para fazer retorno e precisamos contar com a boa vontade dos empresários deixar a gente entrar nas empresas para fazer a manobra, se tivesse uma pista descente não precisaria”, afirma o motorista João Paulo.

“Eu trabalho há quatro anos nessa estrada, e são quatro anos nesse sofrimento, a gente vem de longe, não tem banheiro, é uma sujeira só, a lama vem no meio da canela, e ninguém faz nada pra melhorar isso”, reclama Antonio Pontes, motorista de caminhão. “Não tem como trabalhar nesse local, a pior estrada que eu trabalhei é essa aqui do Belmont, é incrível como uma estrada que arrecada um dinheiro absurdo é tratada dessa maneira”, conclui Antônio.

O DER (Departamento de Estradas e Rodagens de Rondônia) ao ser procurado pra falar sobre o assunto, informou que aguarda a aprovação de um projeto para executar melhorias na Estrada do Belmont.  Essas melhorias seriam no perímetro que cabe ao estado, começaria  no inicio da avenida Farquhar, até o ultima base petrolífera que corresponde a cinco quilômetros, e seriam acrescentados mais dois quilômetros à estrada de terra o que somaria um total de sete quilômetros de asfalto. O órgão recebeu um documento do Ministério Público (MP) cobrando do departamento planos de ações emergenciais a serem desenvolvidos na estrada, como limpeza e cascalhamento da via. 

Gilda Vieira resiste em continuar na localidade (Foto: Carlos Tapajós/Focas do Madeira)

Comunidades isoladas


Se para os caminhoneiros a situação está difícil, para os moradores de comunidades isoladas é ainda pior. Poucos são os moradores que ainda permanecem no local. Por não ter para onde ir preferem permanecer no local esperando algum tipo de melhoria. Gilda Vieira diz que "a maior dificuldade" enfrentada "é ir pra cidade".  "Temos que descer o barranco e ir de canoa pelo rio, é o único jeito, porque a estrada está essa benção”, comenta. 

Há trechos que nem a pé os moradores conseguem andar. Rosiléia Pereira conta que "a melhor maneira de ir pra Porto Velho é de canoa, porque a estrada está muito ruim, teve gente que já caiu de moto tentando passar pelo atoleiro”.

A dificuldade de ir à escola afastou os estudantes da comunidade, sem outra opção, os pais foram obrigados a mandar os filhos morar com parentes na cidade, pois enfrentavam dificuldade em ir às aulas. “Meu filho não estuda mais aqui, porque não tinha mais condições dele ir para a escola. Ele deixou de morar comigo para morar com minha irmã lá em Porto Velho”,  afirma Rosiléia.


Reflexo do abandono (Foto: Carlos Tapajós/ Focas do Madeira)
O comércio local também está prejudicado devido a dificuldade que os veículos enfrentam para chegar ao local. Ênias Nunes é dono do único estabelecimento em funcionamento, mora há 20 anos na região e atualmente "carrega mercadoria nas costas". Nem mesmo o caminhão que entrega botija de gás passa na estrada. Ênias relata que quando chove forte a água invade o comércio isso porque com o acúmulo de entulhos trazidos pela enchente do rio Madeira, ocorrida no início do ano, o móvel ficou abaixo do nível da rua. 
 
A Semagric (Secretaria Municipal de Agricultura), órgão responsável pelo trecho que dá acesso a comunidade Jocum (Jovens com uma Missão), quando procurada para falar sobre o caso disse que em 15 dias enviaria máquinas para fazer raspagem e cascalhamento no local. No entanto, passou o prazo estipulado e o problema continua.

Enquanto não se define a situação da região, os moradores seguem com as mesmas dificuldades, e a esperança que seja tomada alguma medida que resolva parte dos problemas  locais. “Se arrumassem pelo menos a estrada já tava de bom tamanho”, avalia Amélia Lima, moradora de um sítio da localidade.

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Pauta e texto: Carlos Tapajós (5º período)
Edição: Marcela Ximenes 

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