sexta-feira, 27 de junho de 2014

Reconstrução de áreas atingidas pela cheia do Madeira deve custar mais de R$ 5 bilhões, segundo o governo de Rondônia

Comércios e órgãos públicos localizados próximos ao rio foram atingidos. Não há previsão de quando tudo será reconstruído.

A Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão de Rondônia (Sepog) classificou as principais áreas atingidas pela cheia do rio Madeira e os prejuízos gerados. Segundo o secretário da Sepog, Georg Braga, os gastos em materiais danificados ou destruídos, que incluem instituições públicas de saúde, ensino e de uso comunitário, estão estimados em R$ 815 milhões.  "Neste valor, está inserido o total de 4.448 habitações e 166 órgãos públicos como, escolas e postos de saúde. Já os prejuízos econômicos públicos, que incluem a suspensão das aulas, assistência médica, entre outros, estão estimados em R$ 640 milhões. Na economia que podemos incluir a agricultura, pecuária, indústria, serviços, entre outros, estão estimados em R$ 920 milhões", explica.

No dia 28 de março, o rio Madeira, em Porto Velho, atingiu a cota de 19,68 metros, ultrapassando mais de dois metros a marca recorde da maior cheia, há 17 anos. Quase cinco mil famílias foram diretamente afetadas e precisaram deixar suas casas, segundo a Defesa Civil Estadual.

O Plano Integrado de Reconstrução e Prevenção de Desastres no Estado ainda está sendo montado, através de metodologia específica para cada área, em parceria com órgãos de esferas municipal, estadual, federal e organizações privadas, com o objetivo de evitar prejuízos, causados por uma próxima cheia.


Faixa no prédio da Receita Federal em Porto Velho, informando o novo endereço de atendimento. (Foto: Beatriz Maciel/Focas do Madeira)


Órgãos Públicos
Entre os principais órgãos afetados pela cheia do rio Madeira, em Porto Velho, estão: Receita Federal, Tribunal Regional Eleitoral, Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do estado (Idaron) e Justiça Federal.

A Justiça Federal foi o único órgão atingido que não desocupou o prédio. Para isso, algumas medidas como a construção de barreiras, para evitar que o prédio fosse atingido pela água foram realizadas.  Além disso, a carga horária dos servidores diminuiu. O nível do rio está voltando ao normal e os reparos no prédio já iniciaram. Os atendimentos continuam normalmente.

A Agência Idaron que funcionava há mais de dez anos na Avenida Presidente Dutra, no bairro Baixa União, foi transferido provisoriamente para o Bairro Pedrinhas. A previsão é que nos próximos meses, a sede administrativa seja levada para o Palácio Rio Madeira.  
O Tribunal Regional Eleitoral também passou a funcionar no Palácio Rio Madeira. O antigo prédio foi inspecionado, mas o laudo ainda não foi divulgado, para saber se os servidores podem voltar a trabalhar no local.

A Delegacia da Receita Federal em Porto Velho chegou a passar quase duas semanas com atendimento ao público paralisado. Os atendimentos foram transferidos para o andar térreo do prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), na rua Campos Sales.  Segundo o delegado da Receita, Claudiney Cubeiro dos Santos, não há previsão de retorno para a sede do órgão.

Dona de restaurante recém-reformado terá que fazer novo empréstimo para recuperar imóvel alagado (Foto: Beatriz Maciel/Focas do Madeira)
Comércio
De acordo com dados da Federação do Comércio (Fecomércio) de Rondônia,  62% dos comerciantes atingidos pela cheia do Madeira são de Porto Velho.  "Os mais atingidos são os pequenos comércios da capital, distritos e alguns estabelecimentos dos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim. Além de empresários do Vale do Guaporé.  Estimamos R$ 3,5 bilhões em prejuízos”, afirma o superintendente da Fecomércio, Rubens Nascimento.

A microempresária Eva Andrade trabalha há 17 anos no ramo de alimentação no bairro Baixa da União. Conta um mês "Gastei R$ 4 mil reformando o restaurante, até agora não terminei de pagar as parcelas do empréstimo. E agora, vou ter que fazer outro, para pagar a nova reforma". O restaurante de Eva já voltou a funcionar, mas os prejuízos ultrapassam R$ 10 mil, segundo a comerciante.



Texto e pauta: Beatriz Maciel
Edição: Marcela Ximenes

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