Segundo
o órgão, cálculos permitem estimar a recorrência do fenômeno.
Monitoramento do rio Madeira é feito pela Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais.
Por volta do meio
dia de 30 de março de 2014, a régua da Companhia de Pesquisa de
Recursos Minerais (CPRM) para medição do nível do rio Madeira em Porto Velho, marcava 19,74m, nível considerado recorde dos últimos 50 anos. A água inundou casas, desabrigou mais de 20 mil pessoas e fez com que fosse decretado Estado de Calamidade Pública em Rondônia. O fenômeno que assustou as populações dos municípios de Nova Mamoré, Guajará-Mirim e Porto Velho deve se repetir em 180 anos, segundo o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).
Réguas para leitura do nível do rio Madeira, no Porto Organizado em Porto Velho. (Foto: CPRM/Divulgação) |
Os registros da
elevação do rio Madeira são feitos pelo CPRM desde 1968 a partir
de dois processos. De acordo Franco Buffon, engenheiro hidrólogo da
companhia, o primeiro é a medição visual, feita duas vezes ao dia
através de várias réguas distribuídas na margem do rio no Porto
Organizado da capital.
Já o outro método
é através de um radar. “Temos um radar instalado na ponte que
mede a altura da lâmina d'água e registra a cada 15 minutos”,
explica. Segundo Buffon, as duas medições são necessárias para
ter uma maior precisão dos dados obtidos. “Às vezes a régua pode
entortar por causa da força da água ou o radar pode receber
interferência. Um complementa o outro”, conta o engenheiro.
Através das duas
medições na régua, é calculado o nível médio que o rio atingiu
durante o dia, que é o nível documentado como registro oficial. A
partir daí, esses dados são compartilhados com órgãos como Defesa
Civil, Delegacia Fluvial e Sipam, onde podem ser analisados em conjunto com outras informações
para calcular índices de chuvas e até a probabilidade de uma nova
enchente como a de 2014.
Segundo Ana
Cristina Strava, chefe de operações do Sipam, a enchente em Porto
Velho não deve se tornar comum e é possível estimar a recorrência
desse evento. “Através de um cálculo chamada fórmula de Gumbel,
podemos calcular que a recorrência desse evento é de 176,8 anos,
que nós arredondamos para 180 anos. Esse não é um evento
recorrente”, finaliza.
Gráfico utilizado para monitorar o nível do rio Madeira. A linha azul representa a máxima histórica. (Foto: CPRM/Divulgação) |
A chefe de
operações explica que os altos níveis do Madeira se devem à
grande quantidade de chuva nos rios que alimentam a bacia
hidrográfica. “A gente consegue modelar como a chuva chega em
Porto Velho quando ela cai em um determinado rio”, conta.
Mesmo quando o rio
começa a secar, podem acontecer oscilações que fazem com que a
água suba alguns centímetros. São os chamados 'repiquetes'. “Isso
acontece quando chove nos rios mais violentos da bacia, como o Madre
de Dios. Por ser um rio com muita energia, ele carrega a água com
mais força e causa uma oscilação”, conta Ana.
A bacia do
Madeira
Sipam monitora chuvas na bacia
do Madeira(Foto: Marcel Rodrigues/Focas do Madeira)
|
Enchentes
anteriores
De acordo com os
registros do CPRM, a última grande cheia do rio madeira foi em 1997,
quando foi registada uma média diária de 17,50m. Antes disso o
recorde era de 17,44m, documentado em 1984.
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Pauta e texto: Marcel Rodrigues
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