sexta-feira, 8 de julho de 2016

Frota de motocicletas aumenta em Porto Velho e dispara registros de acidentes de trânsito



Em dez anos a frota de motos saltou de 17 mil para mais de 92 mil, segundo Detran-RO

Facilidades na compra de motos colaboram para o índice de acidentes em Porto Velho (Foto: Hosana Morais/Focas do Madeira)
A maioria dos acidentes em Porto Velho envolve motocicletas, segundo o Departamento de Trânsito de Rondônia (Detran-RO). O órgão afirma que em dez anos a frota de motos saltou de 17.397 para 92.583. Com isso as ocorrências de acidentes também cresceram. Conforme a Secretaria de Saúde do Estado (Sesau) de Rondônia, o número de vítimas com esse veículo é oito vezes maior que de vítimas de automóveis que dão entrada no maior pronto-socorro público do estado.

Dados da Sesau apontam que em 2014 deram entrada no Hospital de Pronto-Socorro João Paulo II 4.697 vítimas de acidentes de trânsito causados por motocicletas.  A venda desenfreada de motocicletas pode estar ligada a quantidade de acidentes envolvendo motociclistas, pois para se adquirir uma moto não há necessidade de apresentar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).  Segundo uma concessionária de motos de Porto Velho, são vendidas por ano 3.600 motocicletas na loja. 

A maior parte dos acidentes envolvem motociclistas em Porto Velho, segundo Sesau (Hosana Morais/Focas do Madeira)





Facilidades para obter uma motocicleta
O vendedor Juscelino Nascimento, explica as facilidades de comprar uma motocicleta. Segundo ele, há três possibilidades para se comprar uma moto: pode ser à vista, a prazo ou financiada. De acordo com o vendedor, a primeira opção de compra é à vista, quando o usuário faz um planejamento, ou uma poupança, por exemplo, e paga o valor total do bem.

Conforme Juscelino, a segunda opção é a necessidade urgente, quando o cliente consegue um trabalho e precisa com rapidez de um transporte o que faz optar por um financiamento. De mordo geral, o consumidor deve dar entrada no valor da taxa. "Há uns dias fizemos a promoção e o cliente dava entrada no valor de R$ 350 e financiava por 48 meses, a parcela ficou no valor de R$ 349,90", explica Juscelino.

A terceira e última oportunidade é a compra programada - mais conhecida como consórcio, quando o cliente entra no plano pagando o valor da parcela. Mas, se ele quiser dar um lance para obter a moto no mesmo mês que iniciou o consórcio, pode dar um lance no valor de 45% da motocicleta e assim, se for sorteado, consegue retirá-la.

"Geralmente as pessoas optam pelo financiamento, mesmo que elas paguem o dobro do valor do veiculo, a necessidade fala mais alto. A segunda opção é o consórcio. Temos planos que variam de 12 até 72 meses. Logo o comprador escolhe o que é melhor para ele. Antes da crise em que vivemos eu vendia em média 20 motos por mês, hoje em dia uma média de 15, diminuiu, mas o financiamento continua o mesmo", contou o vendedor. 


Blitz da Operação Lei Seca são realizadas nas ruas de Porto
Velho durante a madrugada (Hosana Morais/Focas do Madeira)
Fiscalização
O comandante da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito (Cia Trânsito) da Polícia Militar, tenente-coronel Alexandre de Lima, acredita que as colisões ocorrem devido a pressa dos condutores. 


"A motocicleta está envolvida na maior partes dos acidentes de Porto Velho. Sempre o motociclista tenta tirar vantagem de que seu veículo é menor e acabam criando-se o corredor de motos que é irregular, com isso ocorrem as ultrapassagens indevidas, causando assim acidentes", explicou De Lima.

De acordo com o Departamento de Trânsito de Rondônia (Detran-RO), das 6.986 colisões causadas nas ruas de Porto Velho, 3.509 envolveram motociclistas. 

O Ministério da Saúde realizou uma pesquisa que constatou que, Porto Velho teve um aumento no número de motoristas que dirigem alcoolizados, em 2015, 8,5 % da população admitiu dirigir sobre efeito de bebida alcoólica

Equipamento de proteção
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (CTB), os motociclistas devem circular nas vias utilizando capacete, com viseira ou óculos de proteção, além do uso das roupas, como calça, camisetas, sapatos fechados, conforme o Conselho Nacional de Trânsito (Contran). 

Os passageiros das motocicletas também devem sempre utilizar capacete de segurança afivelado. Caso essas recomendações não sejam executadas, o condutor do veículo pode ser multado por um agente de trânsito.

Pauta e texto: Hosana Morais
Edição: Marcela Ximenes

Embriagado, DJ sofre acidente de moto em Porto Velho e opta pela amputação da perna

“Hoje eu não consigo mais andar tanto como eu andava antes. Mas, eu vou tocando a vida do jeito que posso”, disse o DJ.


Eduardo sofreu um acidente em maio de 2014, após misturar álcool e direção (Foto: Hosana Morais:Focas do Madeira)
Após um acidente de trânsito, mais de dez cirurgias, muitos remédios, 12 meses de internação, o DJ Eduardo dos Santos optou pela amputação da perna esquerda. A batida foi em março de 2014, Eduardo estava voltando de uma festa de motocicleta, após ingerir bebida alcoólica, em uma curva, ele percebeu que iria bater, tentou tirar a o veículo. Porém, acabou colidindo na lateral de um ônibus de transporte coletivo, na Zona Sul de Porto Velho. A pancada foi tão forte que sua perna esquerda ficou presa e ele desmaiou. 

De acordo com Eduardo, ele só acordou com a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). "Eu só me lembro que desmaiei e acordei depois com os médicos", contou. 

Após ser socorrido, Eduardo foi encaminhado ao Hospital de Pronto-Socorro João Paulo II, onde ficou internado por três dias. Logo depois, ele foi levado ao Hospital Dr. Ary Pinheiro onde passou por cirurgias para a reconstrução da perna. No entanto, um ano depois o membro continuava lesionado e então Eduardo decidiu amputá-lo. O médico que o acompanhava era contrário à decisão, mas o encaminhou a uma psicóloga para o início do processo de amputação. 

"Eu cheguei a certo ponto que não aguentava mais fazer o tratamento indicado, já não conseguia tomar tanto remédio forte. Já tinha pego três infecções na perna e já havia perdido 10 centímetros do osso. Então a minha recuperação seria mais difícil do que se eu fizesse a amputação", explica Eduardo.

Depois de alguns dias, Eduardo teve alta, e foi encaminhado para fisioterapia com sua prótese, começava então a sua adaptação a uma perna mecânica, que, segundo ele, foi até rápida. "Na verdade ainda estou me adaptando, mas em seis meses de fisioterapia já estava liberado, ficou no padrão que as fisioterapeutas indicam, apesar de quando eu estou em casa eu prefiro usar as muletas e a cadeira de rodas", disse Eduardo.

Conforme a fisioterapeuta de Eduardo, Rose Paiva, a adaptação foi boa graças a fisioterapia e a psicologia. "Sempre têm alguns contratempo em relação à adaptação da protetização, mas ele se adaptou bem. No início é normal o paciente se sentir pra baixo. Ele também viu que não era só ele que estava nessa situação. Esse apoio se deve a fisioterapia e a psicologia juntas”, explica Rose.

O DJ faz parte da estatística de acidentes provocados pela mistura de direção e bebida alcoólica. Eduardo é consciente que ele mesmo causou seu acidente. "Foi imprudência, porque quando você está alcoolizado você assume o risco de você machucar a si e ao próximo", admite o DJ.

Eduardo usa prótese após ter amputado sua perna
em 2015(Foto: Hosana Morais/Focas do Madeira)
Para Eduardo, a redução da mobilidade foi a sequela mais dolorida. "Hoje eu não consigo mais andar tanto como eu andava antes. E se tem uma escada eu tenho dificuldade. Mas, eu vou tocando a vida do jeito que posso", disse o DJ.

De tudo o que viveu após o acidente, Eduardo diz que aprendeu a valorizar as pequenas coisas. "Dá valor a vida a maior lição foi essa. Naquela situação você percebe o quanto é importante a sua vida para você e para os seus familiares. Sua mãe, seus irmãos tudo junto com você ali aquele momento", finalizou.

Eduardo recebeu o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) depois do acidente. E no início de 2016, passou a receber o auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (Inss).

De acordo com o Anuário de Estatísticas de Acidentes de Trânsito (Renaest), produzido pelo Departamento de Trânsito de Rondônia (Detran-RO),  no ano de 2014 foram registrados 12.684 acidentes em Rondônia. A 7° multa mais aplicada no estado foi dirigir alcoolizado ou sobre efeito de droga, segundo Renaest.

Operação Lei Seca é realizada em Porto Velho para diminuir acidentes de trânsito (Foto: Hosana Morais/Focas do Madeira )
Fiscalização
Conforme o comandante da Companhia Independe de Policiamento de Trânsito (Cia de Trânsito) da Polícia Militar, tenente-coronel Alexandre de Lima, operações são realizadas para diminuir o índice de acidentes em Porto Velho.

Existem diversas blitze, como a equipe Lei Seca, que atua na parte da tarde e noite, que tem como objetivo a diminuição da combinação direção e bebida alcoólica. Outra abordagem utilizada pela Cia de Transito é a Operação Cavalo de Aço, que fiscaliza os documentos do motociclista e do veículo. A cada blitz uma média de 35 motos são recolhidas pelos agentes de trânsito. "Temos uma blitz convencional que fiscaliza as infrações municipais de estacionamento, ultrapassar sinal fechado, entre outras infrações comuns", acrescentou De Lima.

Segundo o tenente coronel, a Operação Lei Seca é realizada em conjunto com o Departamento de Trânsito de Rondônia (Detran). São feitas por semana 11 blitze dos mais variados modelos.

Pauta e texto:Hosana Morais
Edição: Marcela Ximenes

Quase dois anos após acidente de trânsito em Porto Velho, sobrevivente vive os traumas da violência


Ivana Brito sofreu um acidente quando voltava de uma festa de aniversário com o  namorado. 

Ivana Brito estava na garupa da moto de seu namorado quando sofreu um acidente (Foto:Hosana Morais/Focas do Madeira)
 
Aos 20 anos, Ivana Magalhães carrega em sua perna marcas que vão acompanhá-la pelo resto da vida. A jovem estudante de enfermagem voltava de uma festa de aniversário com o namorado, quando um motociclista alcoolizado bateu na moto em que o casal estava. O acidente foi à 1h do dia 21 de setembro de 2014 na avenida Sete de Setembro, em Porto Velho.

Por sorte, um médico e duas enfermeiras ajudaram no socorro de Ivana que teve a perna esquerda fraturada com uma fratura exposta na batida. O motociclista embriagado acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A estudante foi levada ao Hospital de Pronto-Socorro João Paulo II e passou por uma cirurgia de emergência.

Ivana retirou o fixador externo após meses do
acidente (foto: Ivana Brito/Arquivo Pessoal)
A jovem afirma que a única ajuda que recebeu do homem que causou o acidente foi a chamada de socorro. “O cara veio antes das enfermeiras e do médico, o homem que bateu na gente chamou o Samu, foi à única coisa que ele fez pela gente mesmo. Chamar o Samu”, conta Ivana.

Após sete meses do acidente, Ivana iniciou a fisioterapia. Mas, mesmo após tirar o fixador externo que estava parafusado em sua perna, o osso não havia se recuperado da batida. Pouco depois, a jovem caiu e procurou atendimento hospitalar. "Voltei com meu médico e ele pediu pra operar, porque do jeito que estava corria o risco de quebrar o pouco que está já havia consertado", explicou Ivana

De acordo com a fisioterapeuta Roberta Pantoja, que cuida do caso da Ivana desde maio de 2015, a jovem melhorou o seu andar com os exercícios. "No começo foi difícil, ela não pisava, o osso dela não consolidava. Então a recuperação foi lenta e quando foi autorizado pelo médico a pisar no chão o osso não estava totalmente colocado. A fraqueza muscular da perna estava muito grande, ela mancava e sentia muita dor. Em novembro de 2015, ela fez a cirurgia para colocar a placa, nessa outra ela recuperou rápido até começar a andar", conta Roberta.

Conforme a fisioterapeuta, após o acidente Ivana anda de acordo com suas possibilidades. "Ela anda normal dentro da limitação dela, a paciente não está melhor, pois não vai assiduamente à fisioterapia", explica Roberta.

Mesmo carregando sequelas físicas de um acidente de trânsito, Ivana fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2014 e em junho de 2015 ela ganhou uma bolsa para estudar enfermagem em uma faculdade particular de Porto Velho. A estudante fez a prova utilizando o fixador externo parafusado a sua perna, mesmo assim ela conseguiu meia bolsa.

Apesar de começar a retomar a vida com a ajuda da fisioterapia, Ivana ainda não pode praticar esporte ou correr, pois sua perna ainda não está 100 % recuperada.
Meses após o acidente a jovem participou de uma audiência sobre o acidente, porém mesmo sem culpar o jovem que causou a batida, ela não conseguiu olhá-lo. “Eu passei do lado dele, mas eu não consegui olhar pro rosto dele. Eu já pesquisei ele no facebook vi tudo. Eu não acho que ele é culpado foi um acidente, mas eu acho que alguns podem ser evitados”, ressaltou Ivana.

Entretanto, após um ano e seis meses do acidente, Ivana ainda não consegue andar na garupa de uma motocicleta. "Eu nunca mais me imaginei em cima de uma moto, sempre andei como passageira", confessou a estudante. Embora a jovem ainda não tenha procurado uma ajuda psicológica, por muito tempo ela carregou consigo o medo das aproximações de motociclistas próximo ao veiculo que se encontrava.
Ivana faz fisioterapia desde maio
de 2015
(Foto: Ivana Brito/Arquivo Pessoal)

 "Depois que eu comecei a voltar a andar de carro assim que eu saí do hospital, sempre quando eu via uma moto muito perto do carro eu ficava com medo. Então no começo mesmo eu fiquei muito apreensiva sim, não saia na rua. Só que hoje em dia eu estou bem mais acostumada", conta Ivana.

Paula Poliana, irmã de Ivana, ficou assustada com a violência com que foi o acidente.  "Apesar de na época eu também andar de moto fiquei com medo dessa violência no trânsito. A falta de responsabilidade das pessoas transformar seu meio de transporte em uma arma. Tenho medo do trânsito em si", conta Paula.

Segundo o psicólogo Antônio Gurgel, é importante que uma vítima de acidente procure um especialista para saber se desenvolveu o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (Tept). “É
extremamente aconselhável que se procure um psicólogo após alguma qualquer situação desse tipo, independente da instauração de um transtorno ou não", explica Gurgel.

Conforme o psicólogo, uma pessoa pode desenvolver o Tept se houver refletidas lembranças do sinistro vivido. "A ligação com o evento tem que ser muito clara, a pessoa geralmente se recorda desse evento repetidamente. Mas, é comum também, um dos mecanismos de defesa que se tem conhecimento é o próprio recalque, a negação", esclarece Gurgel.  

Por fim, o psicólogo acredita que mesmo que uma vítima de acidente não desenvolva o Tept, a experiência traumática pode influenciá-la. 

domingo, 19 de junho de 2016

Professores e alunos se dedicam a projetos ambientais de escola pública, em Porto Velho

O projeto em que os próprios alunos são os protagonistas dos programas. Professora diz que se saísse da escola o projeto acabava.

Alunos e voluntários da Murilo Braga trabalham no projeto Com-Vida (Foto: Jackson Vicente/Focas do Madeira)

A Escola Estadual Murilo Braga, em Porto Velho, há sete anos realiza trabalhos sobre sustentabilidade dentro e fora das salas de aula. Esses projetos desenvolvem ações de Educação Ambiental (EA). Um serviço em que os próprios alunos são os protagonistas dos programas aplicados desde 2009, quando foi criada a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (Com-Vida) pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC).

“Esse projeto fez com que os alunos através da percepção ambiental, visualizem os problemas socioambientais na escola e na comunidade, comenta a professora Carmem Andrade sobre a chegada da Com-Vida na escola.

Com o desenvolvimento de um espaço para estruturar uma horta, estudantes mobilizaram-se na criação de grama, produção de adubo, plantas medicinais e legumes na parte externa do prédio da instituição. Um cercado para o jardim foi também aproveitado, e pneus e garrafas pets reutilizados para decorar o ambiente.

Esse foi o primeiro passo para se alcançar um projeto escolar mais duradouro, especialmente, o que pudesse ser reconhecido no estado de Rondônia e até no país.

Água de ar-condicionado é aproveitada para regar as plantas.
(Foto: Jackson Vicente/Focas do Madeira)
No final do ano de 2015, a escola, por meio da Com-Vida, selecionou alguns alunos para o “Desafio Criativo”, concurso de escolas públicas do Brasil que têm a Com-Vida atuante. Os estudantes fizeram uma obra de caráter sustentável reutilizando várias garrafas pets como tubos de água.

A água que pingava do ar-condicionado é captada por uma mangueira que esvazia o líquido nos tubos de pets. Ela serve para aguar flores e plantas, como o ‘capim santo’, que são plantados no jardim.

Essa obra foi premiada pela Instituto Alana, organizadora do concurso, vários estudantes viajaram a São Paulo concorrendo com mais de 400 trabalhos de outras comissões, e assim, ficaram entre os cinco finalistas à medida de serem premiados em primeiro lugar no país, com o projeto: “Ar refrigerado e água uma combinação que dá Vida”.

“Comecei a perceber que esta era a proposta que eu tanto procurava para desenvolver as ações ambientais, com o envolvimento de todos. E hoje as nossas ações vão além dos muros da escola”, enfatiza Carmem sobre a atividade prática que levou os jovens da Murilo Braga para fora do estado.


Distribuição de Mudas

Como continuidade do programa de incentivo à Educação Ambiental, os alunos da Com-Vida reuniram o máximo de mudas de plantas nativas da região amazônica. No mês de maio, fizeram um mutirão de entrega em frente da escola.

Cerca de 60 mudas de plantas como ipê, cacau, manga, boldo, boldo do chile, açaí, goiaba e acerola foram distribuídas de graça. O intuito da campanha desenvolvida pelos estudantes, intitulada de “Adote uma árvore” é de distribuir mudas exóticas ou que estão desaparecendo no meio ambiente, assim como forma de readequar o espaço urbano. 

Além de distribuir as plantas, uma forma de controlar o destino delas foi desenvolvido pelos agentes do projeto. 

Maico Patrik de 12 anos auxiliou na entrega das plantas. Ele registrou numa prancheta dados do visitante do projeto que decide ficar com a muda. “Anoto o nome, bairro e tipo de planta. Pra depois colocar no planejamento”, explica o estudante que é do 6º ano.


Desempenho de professores e alunos

Carmem é professora de Geografia. 
(Foto: Jackson Vicente/Focas do Madeira)

Carmem Andrade é de Santana (AP), formada em Geografia há 20 anos, desde quando chegou a Porto Velho manteve suas atividades voltadas à Educação Ambiental.

Como os projetos são extracurriculares, a educadora acredita que quando sair da escola o trabalho não tenha continuidade por outros funcionários.

“Se eu fosse trabalhar em outra escola, com certeza, levaria essa experiência, pois eu amo o que faço. Eu já recebi convites de outras escolas, mas por enquanto quero ficar pela Murilo Braga”, diz.

O sistema de educação hoje favorece aos profissionais de ensino regular, a carga horária de 30 horas. E nestas condições, os tempos que tinham para executar trabalhos externos agora são compostos por mais horas de aulas.

Apesar de terem um tempo curto, o apoio dos alunos é um incentivo maior para continuar trabalhando com atividades práticas.

A aluna Ingrid Brasil, por exemplo, entrou na Com-Vida logo que começou a estudar na escola, em 2009. “Quando eu entrei nem falava com ninguém, eu era muito tímida”, relata. Anos depois não mediu esforços para ajudar a crescer o programa socioeducativo.

Além dela, outros estudantes estão fazendo parte do projeto, especialmente, para adquirir experiência quando precisam melhorar o comportamento nas salas de aula. A fim de estimular o interesse pelos estudos teóricos e práticos da instituição escolar.

Pauta e texto: Jackson Vicente
Edição: Marcela Ximenes

Porto Velho tem sete monumentos tombados pelo estado de Rondônia; maioria está sem conservação

Patrimônio histórico é materialização da identidade coletiva da sociedade, afirma historiador Marco Teixeira



Na Candelária, sucata de locomotivas são o reflexo da atenção do poder público com a história (Foto: Marcela Ximenes/Focas do Madeira)


O Patrimônio Histórico é tombado com o objetivo de preservação, passam pelo processo de tombamento os bens de interesse da comunidade, por seu valor histórico, arquitetônico, artístico ou ambiental. Porto Velho possui sete monumentos tombados pelo estado de Rondônia: a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (e todo seu acervo), as Três Caixas d’Água, Porto Velho Hotel (atualmente reitoria da Universidade Federal de Rondônia), a Castanheira do Estádio Aluízio Pinheiro Ferreira, o Museu do Presépio, o Prédio da Administração Central da Estrada de Ferro Madeira- Mamoré e a Capela de Santo Antônio de Pádua.

De acordo com o professor e historiador Marco Teixeira, o patrimônio histórico é uma materialização de uma identidade coletiva, “Os tombamentos dão referência àquilo que fala coletivamente a sociedade sobre o seu passado”, diz ele. Tombar significa estar registrado em um livro de tombo. Segundo Teixeira, o tombamento de bens históricos é comum a partir da Revolução Francesa.

A historiadora Yedda Borzacov foi a técnica responsável por todos os processos de tombamentos dos patrimônios históricos em Porto Velho. De acordo com ela, a comunidade deve ter consciência da significação e da importância desse patrimônio cultural e as autoridades responsáveis pela preservação não podem ficar omissas. “O patrimônio histórico material de Rondônia precisa de restauração, acho que todos estão desprezados, renegados ao esquecimento há muito tempo [...] Não há ações de restauração e no futuro Porto Velho vai ser uma cidade totalmente desprovida de memória”, avalia a historiadora.

Segundo a diretora do museu do Palácio da Memória, Ednair Nascimento, a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel) faz a jardinagem e limpeza da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, com relação à Capela de Santo Antônio de Pádua há manutenção continua.


Estrada de Ferro Madeira-Mamoré

A E.F.M.M é considerada como marco do nascimento de Porto Velho (Foto: Ana Kézia Gomes/ Focas do Madeira)

A ferrovia foi responsável pelo primeiro impulso para o surgimento de Porto Velho e, consequentemente, de Rondônia. A construção da Madeira-Mamoré, entre 1907 e 1912, intensificou o fluxo migratório e imigratório para a região. O grande empreendimento no meio da selva amazônica tinha o objetivo de ligar o Brasil e a Bolívia ao Oceano Atlântico, visando escoar a produção de borracha. O transporte pelo rio era cheio de dificuldade devido as diversas cachoeiras.

De acordo com o livro Porto Velho 100 anos de história, da professora e historiadora Yedda Borzacov, nenhum estudo sobre a história de Porto Velho poderá ser feito sem citar essa ferrovia, que está intimamente ligada à criação da cidade e as memórias de seu povo: “Era o transporte terrestre a vapor, era a locomotiva, era a ferrovia, era o progresso que roronava, que fumegava, que corria.”

Todo o acervo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré também foi tombado pelo Estado de Rondônia, entre eles constam o Cemitério da Candelária, o Cemitério dos Inocentes, o local da antiga cidade de Santo Antônio do Alto Madeira, o prédio da Cooperativa dos Seringalistas e o Marco das Coordenadas Geográficas da Cidade de Porto Velho.


Caixas d'Água

As Três Caixas D'água são o símbolo histórico na bandeira de Porto Velho (Foto: Ana Kézia Gomes/ Focas do Madeira)

As Caixas d'Água foram tombada em 26 de dezembro de 1988. Elas foram instaladas para melhorar o processo de abastecimento e distribuição de água em Porto Velho durante a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Segundo a historiadora Yedda Borzacov, em 1910 a primeira caixa d’água foi instalada e apenas em 1912 a companhia construtora da ferrovia instalou as outras duas.

As Três Caixas d’Água têm capacidade total de 1.362.731 litros e sua instalação completa custou mais de 63 milhões em moeda da época. Elas foram as responsáveis pelo abastecimento da cidade até a desativação em 1957.


Porto Velho Hotel

O Porto Velho Hotel é atualmente a Universidade Federal de Rondônia (Foto: Ana Kézia Gomes/Focas do Madeira)



O Porto Velho Hotel foi tombado em 29 de novembro de 1988, atualmente funciona em suas instalações a Reitoria da Universidade Federal de Rondônia (Unir). O Porto Velho Hotel, inaugurado em 1953, foi construído para substituir o casarão pinho-de-riga- Hotel Brasil, que por mais de 40 anos era o único hotel em Porto Velho.

De acordo com a historiadora Yedda Borzacov, a ampla varanda do Porto Velho Hotel se transformava em um palco natural, onde cantores famosos se apresentaram entre eles Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves e Bevenildo Granda. Além disso, o hotel ficou conhecido nos anos 70 pelas grandes festas beneficentes realizadas pelo Rotary Club.

Com a instalação de hotéis privados na cidade, o Porto Velho Hotel foi desativado em 1974, em 1979 foi denominado “Palácio das Secretarias”, nesse período, o prédio passou por uma reforma e recebeu novas janelas e um auditório.



Castanheira 


A Castanheira localiza-se na rua Rui Barboza, bairro Arigolândia (Foto: Ana Kézia Gomes/ Focas do Madeira)

A castanheira foi tombada pelo Patrimônio Histórico Cultural, Artístico e Paisagístico do Estado de Rondônia em 1985 e compõe o estádio Aluízio Ferreira. Segundo a historiadora Yedda Borzacov, um dos primeiros relatos sobre a castanheira é de 1945, quando o guarda territorial aposentado Inácio José de Lira chegou a Porto Velho e a árvore já possuía cerca de cinco metros de altura.


Museu do Presépio


O Museu do Presépio foi tombado em 2002 (Foto: Ana Luiza Moreira/G1)


O Museu do Presépio foi tombado em 2002, o museu reúne cerca de duas mil peças de arte sacra. No livro Porto Velho 100 anos de história, Yedda Borzacov explica que o Museu do Presépio não é um museu fragmentado, nem é um museu estático. “A função desse museu não é acumular peças, mas fazer com que elas, na nudez aparente, falem, digam o que foram, mostrem conteúdos artísticos e culturais diante dos estudantes, dos visitantes, dos pesquisadores”.


Prédio da Administração Central da EFMM


O antigo prédio da Administração Central Madeira-Mamoré é conhecido como Prédio do Relógio (Ana Kézia Gomes/ Focas do Madeira) 

O Prédio da Administração Central da Estrada de Ferro Madeira- Mamoré foi inaugurado em 1950, e baseado no formato de uma locomotiva, a torre do prédio contém um relógio, de acordo com a historiadora Yedda Borzacov, durante anos esse relógio foi o guia de horário para a população de Porto Velho, por isso é conhecido popularmente como prédio do relógio.

Em 1981 no prédio foi instalada a presidência do Banco do Estado de Rondônia (Beron), em meados de 1996 foi sede da Fundação Cultural de Turística (Funcetur), nos anos 2000 o prédio foi restaurado, para a instalação da Biblioteca Pública Estadual Dr. José Pontes Pinto, o Centro de Documentação Histórico, os Museus do Estado de Rondônia e o Geológico. Em 2003 o prédio foi ocupado pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer e a Superintendência de Turismo (Setur). Atualmente, o local aguarda passar por uma reforma e reestruturação continua sendo a sede da Setur.

Capela Santo Antônio de Pádua

Capela Santo Antônio de Pádua localiza-se no km 7 da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (Foto: Marcela Ximenes/ Focas do Madeira)

A capela foi tombada em 3 de dezembro de 1986, é a primeira capela construída no estado de Rondônia e se diferencia de uma igreja por não possuir pia batismal. Segundo o historiador Aleks Palitot, com a erradicação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 1972, os prédios que resistiram ao desgaste provocado pela natureza foram demolidos, restando apenas um casarão e a Capela de Santo Antônio de Pádua.  

Pauta e texto: Ana Kézia Gomes
Edição: Marcela Ximenes